2007

Nos últimos tempos, anda-se falando muito sobre o potencial produtivo do pinhão manso, principalmente depois que a planta foi apontada pelo Programa de Biodiesel Brasileiro como uma das fontes de alta produtividade do combustível. Alguns pesquisadores da Embrapa junto com pesquisadores da EPAMIG, preocupados com o que está sendo publicado pela mídia sobre o pinhão manso, reuniram-se e publicaram um documento alertando a respeito das verdades e mentiras sobre a oleoginosa. Confira na íntegra o que diz esse documento.

ALERTA SOBRE O PLANTIO DE PINHÃO MANSO

DE ONDE SURGIU A PLANTA?

O pinhão manso (Jatropha curcas) é uma planta arbustiva da família das Euforbiáceas possivelmente originária da América, que ocorre de forma espontânea em diversos estados do Brasil. No passado, o pinhão manso já foi cultivado em pequena escala em alguns países, inclusive no Brasil, mas atualmente é uma cultura de pequena expressão mundial. É encontrado vegetando de forma espontânea, mas também em cercas-vivas ou próximo a residências, onde tem valor folclórico ou aplicações medicinais.

Com o advento do Programa Brasileiro de Biodiesel, o pinhão manso foi incluído como uma alternativa para fornecimento de matéria-prima. Esta escolha baseia-se na expectativa de que essa planta possua alta produtividade de óleo, tenha baixo custo de produção por ser perene e seja extremamente resistente ao estresse hídrico, o que seria uma vantagem significativa principalmente na região semi-árida do país.

No entanto, causa grande apreensão aos técnicos envolvidos com a pesquisa agrícola no Brasil, o incentivo ao plantio do pinhão manso em extensas áreas, pois é uma cultura sobre a qual o conhecimento técnico é extremamente limitado. Grande parte das informações divulgadas sobre a cultura provém de fontes pouco confiáveis, principalmente da Internet, em páginas de empresas privadas, onde as vantagens da planta são exaltadas. A seguir, citam-se alguns tópicos que merecem atenção sobre a cultura:

Diante deste cenário, conclui-se que no Brasil ainda não há tecnologia validada suficientemente para que se possa plantar pinhão manso de forma racional, e por isso recomenda-se aos produtores rurais que não cultivem grandes áreas, pois o risco de insucesso é alto.
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Reafirma-se a crença no alto potencial produtivo e consideráveis vantagens que o pinhão manso possui, e a esperança de que essa oleaginosa, no futuro, tenha importante participação no fornecimento de óleo para biodiesel. Neste sentido, diversas Unidades Descentralizadas da Embrapa, instituições de pesquisa e universidades do país, contando também com parceria com outros países, já estão trabalhando no desenvolvimento de tecnologia para o pinhão manso, incluindo a criação
de bancos de germoplasma, experimentos a campo, estudos em casa-de-vegetação e em laboratório. No entanto, por se tratar de uma planta perene, que só estabelece a produção após o quarto ano, estima-se que serão necessários pelo menos cinco anos para que se tenham informações mais seguras sobre a cultura.

Enfatiza-se ainda a necessidade de reforçar os investimentos em pesquisa para essa cultura, e sua manutenção por longo prazo, para que as
atividades possam chegar a resultados definitivos, pois a interrupção desse apoio financeiro durante a execução do trabalho pode inviabilizar
todo o processo.

Artigo elaborado pelos pesquisadores:

Liv Soares Severino - Embrapa Algodão

Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão - Embrapa Algodão

Nilton Junqueira - Embrapa Cerrados

Marcelo Fidelis
- Embrapa Cerrados

João Flávio Veloso - Embrapa Milho e Sorgo

Nívio Poubel Gonçalves - EPAMIG

Heloisa Matana Saturnino - EPAMIG

Renato Roscoe - Embrapa Agropecuária Oeste

Décio Gazzoni - Embrapa Soja

Jason de Oliveira Duarte
- Embrapa Milho e Sorgo

Marcos Drummond – Embrapa Semi-árido

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